Páginas

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O rei e o falcão

 
 
Gengis Khan foi um grande rei e guerreiro, conduziu seu enorme exército e dominou a china e a Pérsia. Em todos os lugares que conquistou, falava-se de seus feitos e dizia-se que, desde Alexandre, o grande, não houvera rei igual.
Uma certa manhã, longe das guerras, saiu cedo de casa a fim de passar o dia caçando na floresta. Muitos amigos foram com ele. Todos carregando seus arcos e suas flechas, seguiam felizes em suas montarias. Acompanhavam-nos os serviçais, conduzindo os cães pela retaguarda.
A partida mostrava-se muito bem disposta. Seus gritos e suas risadas retumbavam na floresta. Esperavam abater muitos animais, que trariam para casa ao final do dia.
O rei levava ao punho seu falcão predileto, pois, naquela época, essa ave era treinada para caçar. A uma ordem do dono, o pássaro alçava vôo e, do alto, vasculhava a floresta. Ao avistar um cervo ou uma lebre , mergulhava velozmente sobre a presa qual uma flecha.
O dia inteiro, Gengis Khan e seus caçadores passaram a cavalgar pela floresta. Não encontraram, porém, tanta caça quanto esperavam.
À tardinha, decidiram retornar. O rei estava habituado a cavalgar pela floresta e conhecia suas trilhas. Tendo o grupo escolhido o caminho mais curto para casa, ele tomou uma estrada mais longa que passava por um vale entre duas montanhas.
O dia fora quente, e o rei tinha sede. Seu falcão amestrado alçara vôo, deixando-só. O pássaro saberia encontrar o caminho de volta para casa.
Gengis Khan prosseguia lentamente. Conhecia uma fonte de águas límpidas em alguma paragem perto da trilha. Se ao menos pudesse encontrá-la naquele momento! Mas os dias quentes do verão haviam secado todos os córregos da montanha.
Mas eis que, para sua alegria, avistou um pouco de água escorrendo pela beira de uma pedra. Haveria de encontrar a fonte logo acima. na estação chuvosa, as águas corriam ligeiras naquele ponto; mas, agora, gotejavam lentamente.
O rei apeou da montaria. Tirou, do embornal, um cálice de prata. Começou a aparar as gotas que caíam lentamente da pedra. A água demorava para encher o cálice, e o rei tinha tanta sede que mal podia esperar. Finalmente, estava quase cheio. Levou-o aos lábios e estava prestes a sorver o primeiro gole.
De repente, um zunido cruzou os ares, e o cálice foi derrubado de suas mãos. A água derramou-se toda.
O rei procurou ver quem fizera aquilo. Fora seu falcão amestrado.
O pássaro voou de um lado para outro algumas vezes e acabou pousando nas pedras, perto da fonte.
O rei pegou o cálice e tornou a recolher as gotas de água.
Dessa vez, não esperou tanto tempo. Quando estava pela metade, levou-o à boca. Mas, antes que o cálice lhe tocasse os lábios, o falcão deu outro mergulho, derrubado o objeto.
Dessa vez, o rei começou a ficar zangado. Empreendeu mais uma tentativa, e, pela terceira vez, o falcão o impediu de beber.
O rei ficou bastante irritado e gritou:
-Como se atreve a fazer isso? Se eu pudesse minhas mãos em você, torcer-lhe-ia o pescoço!
Mais uma vez, Gengis Khan encheu o cálice. porém, antes de leva-lo à boca, sacou espada.
- Agora, senhor falcão, é a útima vez - disse ele.
Mal proferia as palavras, o falcão mergulhou e derrubou-lhe das mãos o cálice. Mas o rei já estava preparado para isso. Deu um golpe, acertando o pássaro em pleno vôo.
E logo o pobre falcão jazia aos pés do dono, sangrando até morrer.
-É o que merece por seus caprichos - falou Gengis Khan.
 
Falco eleonorae NAUMANN.jpg
 
 
Entretanto, ao procurar o cálice, encontrou-o caído
 entre duas pedras, onde não conseguia alcançar.
- Mesmo assim, vou beber desta fonte - disse consigo mesmo.
E pôs-se a subir a parede íngreme da rocha para chegar até o lugar de onde a água escorria. A tarefa era árdua; e, quanto mais subia, mais sede sentia.
Por fim, atingiu o local. E havia, de fato, uma nascente; mas o que era aquilo dentro da poça, ocupando-lhe todo o espaço? Uma enorme serpente morta, e das mais venenosas.
 
 
 
 
Gengis Khan parou. Esqueceu-se da sede. Pensou apenas no pobre pássaro lá no chão.
- O falcão salvou-me a vida! - gritou. E o que fiz em troca? Era o meu melhor amigo, e eu o matei. desceu a escarpa. Tomou cuidadosamente o pássaro nas mãos e o colocaou no embornal. Subiu na montaria e, partindoligeiro, disse consigo:
- Aprendi hoje uma tiste lição, que é nunca fazer coisa alguma com raiva.
Reflexão:
A raiva é comportamento que deixa os seres humanos mais próximos dos animais irracionais. Traz à tona os insetos mais primitivos de nossas almas. Ela realmente mata ou, no mínimo, aumenta os riscos de termos algum problema de saúde sério, que vai da simples crise alérgica, uma úlcera digestiva, até um ataque cardíaco fulminante.
Quem tem raiva constantemente, ou seja, vive com raiva, fica com os batimentos do coração descompassados (arritmia), tem pressão alta e, futuramente, aumenta a probabilidade de morrer de infarto. E, como se não bastasse, a raiva ainda aumenta a vulnerabilidade às doenças,à dor, à gordura.
´´ Trate bem o seu animal``
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário